Projetos Áreas Externas – História
Breve história dos projetos para áreas externas: da Antiguidade ao século XIX
Falar sobre espaços externos às edificações é entrar em uma área da arquitetura denominada paisagismo. Este tem como objetivo a adequação dos espaços livres em lugares propícios a sociabilidade através do planejamento e recriação física da paisagem, utilizando-se de princípios artísticos na construção de ambientes e cenários em qualquer escala de atuação, seja na da própria arquitetura, como na do urbanismo. Como
especificidade profissional teve sua origem na Inglaterra e consolidou-se nos Estados Unidos, na metade do século XIX.
Na história podemos situar a manipulação da paisagem no momento em que o homem, no processo civilizatório começou a praticar a agricultura, no entanto, o que nos interessa aqui, foi a manipulação destas áreas externas que extrapolaram apenas a esfera utilitária.
Remetendo-nos aos primórdios da civilização, encontraremos esta abrangência nos jardins da Mesopotâmia, onde os canais advindos dos rios Tigre e Eufrates, chamavam a atenção não como expressivas obras de engenharia, como por proporcionar a existência de diversificados jardins. A citar os famosos jardins suspensos da Babilônia, que eram estruturas escalonadas ortogonais cobertas por inúmeros espécimes vegetais.
Aos egípcios é atribuído o pioneirismo no uso ornamental de plantas e também foram adeptos de desenhos ortogonais para estes espaços externos, com a mesma finalidade de simbolismo religioso. Já os persas foram os primeiros a criarem jardins apenas com intuito estético e não religioso, como os antecessores.
Devemos aos gregos a consideração de que todo lugar possui uma essência e que devemos nos guiar por esta, quando da execução de qualquer espaço artificial nestes.
É o que chamamos até hoje de genius loci, ou o “espírito do local”. A racionalidade foi a diretriz da arquitetura e do paisagismo desta civilização, explicitada na priorização da ortogonalidade do desenho dos espaços públicos e semipúblicos.
Os jardins romanos foram os primeiros a integrarem-se à arquitetura civil. Jardins, estátuas, fontes, espelhos d´água e arquitetura se integram formando um conjunto harmônico, monumental e ostentatório. As domus, casas da elite romana, possuíam a mesma síntese só que em outra escala.
Na Idade Média, as áreas externas as edificações, que merecem menção enquanto manipulação da paisagem foram os claustros e os jardins árabes. Os primeiros destinados à construção de um ambiente intimista, propício à meditação, com arbustos e ou flores e passeios ortogonais ou radiais, o segundo com fontes para amenizar o calor mediterrâneo.
O Renascimento, no século XV e XVI, resgata os espaços romanos, com seu traçado regular, fontes, estátuas, e a arte topiária, configurando a noção de natureza domesticada pelo engenho humano, dos pátios internos dos palazzos as praças secas delimitadas pelas loggias, sempre de formas geométricas. Bons exemplos deste período são a Villa Lante, com jardins do arquiteto Vignola e arquitetura de Palladio, e a Villa D’este, de Pierro Ligório.
A Villa Gamberaia (1610), do final do Renascimento, iniciou um padrão dito Maneirista pela inclusão de elementos na paisagem não vistos nas soluções clássicas, como grutas e pontes cenográficas.
Estes cenários no Barroco foram utilizados para enaltecimento do poder vigente, seja de Luiz XIV, na França, através dos jardins de Versalhes, ou das praças romanas do papado. Este paisagismo francês se constituiu em um dos padrões paisagísticos utilizados até hoje, caraterizado pela utilização da arte topiária geometrizada, acrescida de espelhos d’água e fontes escultóricas.
Em oposição aos jardins franceses, ou ao que se poderia chamar de paisagismo francês, temos o paisagismo inglês: naturalista, reproduzindo paisagens, ou cenários bucólicos, pitoresco. Neste momento, séculos XVII e XVIII, e neste tipo de manipulação do espaço externo, haverá a introdução de elementos decorativos provenientes da cultura oriental, como pontes de pedra, pagodes, quiosques e remansos.
Provavelmente, este paisagismo foi também uma resposta a destruição da natureza ocasionada pela revolução industrial inglesa, que se iniciava, e o desvinculamento do homem desta pela urbanização desenfreada. Do jardim privado das edificações da elite inglesa aos parques públicos destinados a todos, a preocupação era oferecer a este novo tipo de vida, momentos de tranquilidade que a natureza ofereceria, frente a vida agitada.
Por todo o século XIX, no que diz respeito a manipulação das áreas externas, o que observamos foi a utilização de um destes dois modelos de paisagismo: O francês; onde os espécimes vegetais, estátuas, fontes, gazebos e revestimentos de piso foram tratados de forma a constituir arranjos geométricos; e o inglês; com a reprodução de cenários bucólicos; além da mistura de ambos também. Foram utilizados em todo o mundo, inclusive em São Paulo, exemplificados pelos jardins do Museu Paulista, como o francês e a Praça da República, como o inglês, dentre tantos outros. Referência bibliográfica
Niemeyer, Carlos A. C. Paisagismo no planejamento arquitetônico. Uberlândia: EDUFU, 2011.
“Agradeço a oportunidade de participar do lançamento da nova Revista Piscinas o Portal – Rafael Manzo”
Rafael Manzo
Arquiteto e professor da Belas Artes e Mackenzie.
Tratador Rodrigo SJC SP
1- O que levou a entrar na profissão de tratador de piscina? Conte um pouco de sua históri…