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Piscinas - Treinamentos & Cursos - 4 semanas ago

pH em desequilíbrio: O Sabotador químico da qualidade da água da sua piscina

CAMILO Responsável Téc.Químico da Empresa Mastersub/Consultor de Empresas e Condomínios CRQ: 03422243 Instagram: @camilo2mjt @piscineiro_criative

De cristalina a incrustada e corrosiva – entenda por que o pH é o grande regente da química da água da piscina e como situações diferentes exigem atenção redobrada.

Introdução:
O pH ( Potencial Hidrogeniônico) é uma medida que indica o quão ácida ou básica (alcalina) é uma solução, ou seja, a concentração de íons hidrogênio ( H⁺ ) presentes na água ou em qualquer outra substância líquida.

ESCALA LOGARÍTMICA DE:
0 a 14.

Em termos simples:

pH baixo ( < 7 ) = solução ácida (muitas moléculas liberam íons H+)
pH igual a 7 = solução neutra (como a água pura)
pH alto ( > 7 ) = solução básica ou alcalina (menos íons H+, mais íons OH-)
Cada unidade representa uma variação de 10 vezes na concentração de íons H+.

Por exemplo, um pH 6 tem 10 vezes mais íons H+ que um pH 7.
IMPORTÂNCIA DO pH:

No tratamento de água de piscinas, o pH influencia diretamente a eficácia do cloro e outros produtos químicos.
Também afeta o conforto dos banhistas e a durabilidade dos equipamentos da piscina.

Mantê-lo dentro da faixa ideal (geralmente entre 7,2 e 7,6 para piscinas) é fundamental para garantir uma água saudável e equilibrada.

VOCÊ JÁ ANALISOU O pH DA ÁGUA DA SUA PISCINA HOJE?

Talvez não, mas deveria. O pH da água pode ser o fator mais silencioso – e devastador – no tratamento de
piscinas. Ele está presente em todas as reações químicas, interfere no conforto dos banhistas e determina o sucesso (ou o fracasso) da desinfecção. Um simples equívoco pode transformar uma água de piscina segura em um caldeirão corrosivo, cheio de algas ou até de riscos à saúde.

Vamos direto ao ponto: o pH ideal para piscinas está entre 7,2 e 7,6. Dentro dessa faixa, o cloro atua com eficiência máxima, os olhos não ardem, a pele não resseca e os equipamentos agradecem. Fora disso, cada situação conta uma história perigosa.

Condição 1 – pH abaixo de 7,0: a água da piscina ácida.

Imagine uma piscina com pH de 6,5. Parece pouco, mas os efeitos são sérios:
– Corrosão de equipamentos: bombas, aquecedores, escadas e até o rejunte são atacados pela acidez;
– Irritação nos olhos e pele: a ardência ao nadar é real;
– Desperdício de cloro: o produto se consome rápido demais, deixando a água vulnerável.

“Um pH baixo destrói tudo em silêncio. É como um ácido imperceptível dissolvendo sua estrutura aos poucos.”,

Condição 2 – pH acima 7.6, a
porcentagem de ácido hipocloroso (HOCl) — que é a forma fortemente desinfetante do cloro — cai
rapidamente, tornando um ambiente mais alcalino

Parece seguro? Não se engane.

Com pH alto, a água da piscina entra num estado de rebeldia química:

– Cloro inativo: menos de 34% da ação desinfetante permanece;
– Água turva: sais minerais precipitam e formam depósitos visíveis;
– Proliferação de algas: com cloro ineficaz, os microrganismos aproveitam;
– E o mais grave: muitos usuários confundem a água com aparência “limpa” como sinônimo de segurança.

Não é. Com pH alto, a desinfecção está comprometida.
Condição 3 – pH oscilante após chuvas, uso intenso ou reposição de água.

Toda água nova ou evento externo altera o pH. A chuva pode baixar o pH drasticamente. Uma festa na piscina pode elevar os níveis de alcalinidade. Repor água de poço?
Espere um aumento do pH e da dureza.

– O resultado: instabilidade. O operador ou proprietário da piscina se vê numa batalha constante com produtos químicos.

A GRANDE VIRADA:
Controle e Prevenção

A boa notícia é que o pH é controlável. O segredo está no acompanhamento constante, uso de redutores (ácido) ou elevadores (Carbonato e bicarbonato de sódio) e no entendimento do cenário completo: alcalinidade total, dureza cálcica, temperatura e cloro.

Hoje, com sistemas automatizados, já é possível monitorar e corrigir o pH em tempo real. Mas mesmo em piscinas residenciais, testes manuais semanais (ou até diários) são essenciais.

CONCLUSÃO: O pH não é só um número. É a alma da água da piscina.

Se ignorado, ele cobra caro. Se bem cuidado, oferece água saudável,
segura e convidativa. Entenda o pH como o termômetro da saúde da água da sua piscina.

Afinal, entre o azul cristalino e o verde caótico, muitas vezes há apenas 0.5 unidades de pH de distância.

Alguns sinais de que o pH está fora do ideal.

– Olhos vermelhos ou pele ressecada após o banho;
– Água esbranquiçada ou turva;
– Presença frequente de algas, mesmo com cloro;
– Corrosão visível em escadas e metais;
– Consumo excessivo de cloro eclarificantes.

 

 

 

A EFICÁCIA REAL DO CLORO
DEPENDE DO pH
O gráfico acima mostra a distribuição entre ácido hipocloroso (HOCl) e o íon hipoclorito (OCl-), duas formas do cloro livre presentes na água.

QUIMICAMENTE:
HOCl (ácido hipocloroso) é o verdadeiro agente desinfetante, até 80 vezes mais eficaz que o OCl-.
OCl- (íon hipoclorito) é menos reativo, menos eficaz e predomina em pHs altos.

INTERPRETAÇÃO PRÁTICA:
– A pH 7,5, aproximadamente 50% do cloro livre está na forma de HOCl.
– A pH 6,5, temos mais de 90% na forma de HOCl – excelente desinfecção, mas com risco de corrosão.
– A pH 8,5, menos de 15% está na forma de HOCl – desinfecção drasticamente reduzida, favorecendo proliferação de algas e bactérias.
Essa relação explica por que o cloro “não funciona” quando o pH está
desregulado.
Não é o produto que falha – é o ambiente que impede sua ação.

 

 

A matéria foi escrita com base em princípios amplamente reconhecidos da química da água da piscina, utilizados por entidades como:
NSPF/CMAHC (National Swimming Pool Foundation / Council for the Model Aquatic Health Code – EUA)
WHO (World Health Organization – Guidelines for Safe Recreational Water Environments)
CPO (Certified Pool Operator)
ABNT NBR 10339/2018 (norma brasileira para
projetos de piscinas)
Livro Litro a Litro, Nilson Maierá
Manuals técnicos de fabricantes de produtos
químicos para piscinas.
Livros técnicos de tratamento de água, como:
“Water Chemistry for Swimming Pools” – Thomas M. Lachocki
“Water Quality and Treatment – A Handbook of Community Water Supplies” – American Water Works Association

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